quarta-feira, março 01, 2023

The Who - Live At Leeds

Considerado por muitos como o melhor show ao vivo já gravado e obrigatório na coleção de qualquer um que diz gostar do bom e velho rock 'n' roll, Live At Leeds (1970) é o primeiro álbum ao vivo do The Who e o único a ser lançado enquanto a banda ainda estava na ativa, gravando e se apresentando regularmente com todos os integrantes originais.

Depois de lançar Tommy em 1969, o Who começou uma longa turnê para promovê-lo, retornando à Inglaterra no fim do ano com o desejo de lançar um álbum ao vivo, mas eles desanimaram com o fato de terem que ouvir centenas de horas de gravações acumuladas para decidir qual renderia o melhor álbum e para evitar que caíssem nas mãos dos pirateadores, decidiram queimar as fitas de todos os shows dessa turnê e agendaram outros dois shows, um no Hull City Hall e outro na Universidade de Leeds, com o único propósito de lançar o álbum ao vivo, e foi justamente o segundo show, que ocorreu no Dia dos Namorados britânico, que acabou sendo o escolhido.

Talvez devido a estas circunstâncias, talvez porque o Who estivesse empolgado com o sucesso internacional de Tommy, ou simplesmente porque eles estavam em forma na época, Live At Leeds acabou se tornando uma gravação extraordinária. A capa do álbum foi projetada para se parecer com a de um disco pirata, e em seu interior trazia, entre outros, alguns fac-símiles de documentos históricos do Who, como o contrato para tocar no Festival de Woodstock, o pôster “Maximum R&B” com Pete girando seu braço e uma carta da gravadora EMI recusando o grupo.

O selo do disco era escrito à mão (aparentemente por Townshend), trazendo instruções para que os engenheiros de áudio não corrigissem nenhum ruído, mas na verdade acho que eles não precisavam de nenhuma instrução, pois na mesma hora deve ter ficado claro para quem ouviu o registro que o show tinha sido mais do que perfeito e que deveria ser lançado assim, do jeitinho que você pode e deve ouvir!

quarta-feira, fevereiro 01, 2023

Mais Pesado Que o Céu


Mais Pesado Que o Céu foi escrito pelo jornalista e crítico musical Charles R. Cross em 2002 e conta em detalhes a polêmica e conturbada vida de Kurt Cobain, cantor, guitarrista e compositor de um dos mais influentes e consagrados grupos de rock dos anos 90, o Nirvana.

O jornalista foi um dos primeiros a ter acesso aos hoje já bem conhecidos diários de Kurt (Journals) e foi baseado nesses relatos pessoais, em entrevistas com amigos, parentes, companheiros de banda e da própria viúva do cantor, Courtney Love, que ele construiu sua narrativa sobre a vida do cantor e sobre os fatos que levaram ao seu suicídio em 1994.

Página após página vemos todas as transformações na vida de criança feliz, inteligente e até mesmo "popular", que já demonstrava interesse pelas artes e principalmente pela música, quando fazia seus desenhos, tocava o seu pequeno tambor e ouvia os discos dos Beatles de sua tia, mas que após a separação de seus pais acabou se transformando em um adolescente instável, deslocado, com problemas de adaptação e que passou toda a sua juventude perambulando de lugar em lugar sem nunca ter conseguido realmente se "encaixar".

O autor passa por todo esse período conturbado até a criação da banda, os primeiros shows, a gravação do 1º disco, as constantes trocas de baterista, a chegada de Dave Grhol, o sucesso estrondoso de Nevermind, os problemas crônicos no estômago de Kurt, o uso abusivo de drogas, o tempestuoso relacionamento com Courtney, as internações, as tentativas de suicídios, as turnês, os shows antológicos e aqueles que a própria banda preferia esquecer.

Você perceberá que Mais Pesado Que o Céu não é só um livro qualquer, feito para agradar aos ávidos fãs da banda, mas que é daqueles livros que chegam até mesmo a ser essenciais na prateleira de qualquer um que seja amante de música e literatura, pois conta a história da vida de um artista, de um ser humano genial e que assim como todos nós, também era cheio de contradições, inseguranças e problemas.

quarta-feira, janeiro 04, 2023

Eric Clapton - A Autobiografia


Na metade da década de 60 as pessoas o chamavam de Deus pelos muros da Inglaterra, mas nas páginas de sua própria autobiografia, Eric Clapton se descreve como uma pessoa simples, que nasceu no interior da Inglaterra e que só viu a possibilidade de mudar seu destino no momento em que se apaixonou pelo blues de Buddy Guy, Freddie King, B.B. King e Robert Johnson e decidiu aprender a tocar guitarra.

A sinceridade de Clapton é surpreendente, ele fala abertamente não só de sua origem humilde e de seus ídolos, mas também toca em assuntos difíceis, como sua conturbada relação com a mãe, seu relacionamento com Pattie Boyd, o uso abusivo de drogas, o alcoolismo que quase o levou a morte, a perda de seu filho Conor, sua a chegada ao fundo do poço e a incessante busca por redenção.

Clapton também conta como foi a formação de bandas como The Yardbirds, John Mayall & The Bluesbreakers, Cream, Blind Faith, Derek And the Dominos, esclarece o porque de cada uma delas ter terminado e entre a formação de uma banda e o término de outra, ainda sobra tempo para mais "um gole" e saborosos detalhes sobre o início de sua carreira solo, sobre jam sessions com Jimi Hendrix, George Harrison, Pete Towsend e John Lennon e sobre a inspiração para suas músicas mais conhecidas.

Com essa autobiografia, Clapton rejeita todos os rótulos e se despe da vaidade para fazer um auto-retrato sincero, apaixonante e em certos momentos emocionante. É a história da vida de um cara que se entregou ao vício e acabou se perdendo em meio aos excessos, mas que mesmo assim, ainda teve forças para dar a volta por cima e renascer através de sua música e de seu amor pela vida.